Hoje não…

Ela ouve novamente o bip do celular avisando que há uma nova mensagem, pode ser um SMS ou alguém falando com ela (sobre ela) em suas redes sociais, ignorando o som estridente exigindo sua atenção, a garota anda em direção oposta a mesa onde o aparelho se encontra, não quer realmente saber o motivo do som suave que a despertou de seus devaneios. Não que esteja fugindo ou se escondendo, ela simplesmente não consegue encarar ninguém no momento. Toda aquela preocupação velada quando ela não consegue só responder que “está tudo bem” e ser convincente, hoje é um daqueles dias.

Prefere ser chamada de anti-social ou mesmo sem educação do que sentir aquela pena vindo das pessoas que ela ama, às vezes ela também sentia outras coisas surgindo junto e talvez os outros sentimentos doessem ainda mais. Acusações que ela não conseguiria aguentar neste momento sem cair em um choro desesperador. São os piores dias, quando ela tenta fugir completamente da realidade porque sabe que caso não faça isso irá sucumbir de vez, se entregar totalmente a esse sentimento ruim, essa doença que parece estar sempre esperando um momento de fraqueza.

É tão complicado lidar com as pessoas que não entendem realmente o que se passa em sua mente, logo, é simplesmente mais fácil se desconectar de tudo isso e esperar passar – se possível, o furacão acalmar e estar em contato com o mínimo possível de pessoas a quem sem querer ela possa magoar em um acesso de raiva, porque infelizmente as coisas vão se acumulando e em algum momento é possível que responda de forma ‘inadequada’ para alguém sem realmente querer fazer isso.

O caso é que para pessoas que não passaram por essa experiência, essa doença, deve ser difícil compreender tudo o que se passa e mesmo que o sentimento seja o melhor possível, é difícil que ela não acabe caindo em um clichê e sem querer acabar desmerecendo todo o sentimento que o outro sente. Com todas aquelas frases de auto ajuda como “reaja” ou “você não pode se entregar desse jeito” que fazem parecer que o que acontece é puramente escolha, vontade de continuar com toda essa bagunça emocional. É sempre fácil e lógico olhando de fora, sei disso, já estive do outro lado – ela pensa.

Finalmente o dia acaba, e é hora de dormir. Ela reza para que amanhã seja um dia melhor…